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Mostrando postagens de novembro, 2008

Boas e más notícias, quais vão primeiro?

"Em perfeito equilíbrio, Guyer Salles As más: 1a. Pegamos o tal virus " influenza ", danado de ruim, e passamos muito mal essas duas semanas. Eu, Ângelo e Renato. Até perdemos uns quilinhos... Por aqui, o problema não é passar frio, é ficar no escuro e doente.  2a. Fiquei sem condição de responder os comentários na semana que passou. 3a. O blog não poderá ser atualizado com tanta frequência nas próximas semanas, porque a Dona Barbuleta aqui vai alçar vôo para o Brasil, de férias. 4a. Não sei se terei internet lá, entonces, vou tentar postar aquelas sensações impossíveis de não serem colocadas, através da rede de algum bom samaritano. As boas: 1a. Estamos melhor, passou aquelas sensaçõezinhas suaves e adoráveis, tais como diarréia louca, vômito, ânsia, tontura e dor no corpo parecendo que ia morrer. E como perdemos um pesinho dá para chegar mais elegante no Brasil veronil pra pôr os biquinis sem tanta verguenza. Agora eu e Ângelo estamos parecendo duas dragas malucas, com

A história de Preta e Branca e sobre o amor não dito

(Eu e minha irmã Sandra, talvez com seis e quatro anos de idade, posando assustadas para os fotófrafos de rua, Sumaré, 1977-78) Não sei exatamente quando meu pai decidiu adotar os apelidos "Preta", para minha irmã , e "Branca", para mim, só sei que quando me lembro da gente criança eu me lembro de meu pai nos chamando assim. O apelido tanto de uma, quanto de outra, não ficou. O que ficou, ao menos em mim, foi a lembrança de que todas as vezes que meu pai queria ser muito carinhoso conosco ele nos chamava assim. Lembro de ter usado "Preta" para falar com minha irmã, em ocasiões especiais, como em seu aniversário, em comemorações do fim do ano etc, numa tentativa de expressar a mesma intensidade de amor que eu sentia que meu pai o tinha feito no passado. Quem ele amava mais? De quem ele cuidava mais? Quem ganhava os presentes mais bonitos? Quem levava menos bronca da mãe e do pai? - "A Sandra!", diria a Sônia pequenina. - "Não! É a Sônia"

Para Sonildes agora é tempo de Brasil

Dentro muitas dúvidas cruéis, uma Sonildes não tem: quando Suécio se torna muito frio, é hora de se jogar nos braços de Brasil, com quem ela encontra o calor que precisa.  Depois de umas semanas sentindo o gelo de Suécio, aquele jeito estranho de novo de ser, aquela maneira de fazer esquecer o quanto ele pode ser carinhoso, amável e caloroso, Sonildes pensou que é hora de se entregar a Brasil por umas semanas.  Ela havia dado uma desculpa esfarrapada para o coitado do Brasil e estava no Rio com Suécio há algum tempo. Compreensivo, Brasil esperou esse tempo sem reclamar. Apenas dizia: "quando é que você volta? Estou com saudades!" E Sonildes saía escorregadia: "Logo, meu amor, assim que acabar o trabalho nesses eventos todos!".  E assim ela curtiu quietinha esse tempo com o belo Suécio. E curtiu sua casa colorida, seu jardim cheio de flores amarelas, seus amigos cheios de conversas gostosas. Entretanto, como todo mundo já sabe, a moça anda mesmo sem saber o que quer

O tempo, a natureza e as mudanças: das coisas mais difíceis e bonitas da Suécia

A esquina de casa sábado passado, 23 de novembro de 2008, zero grau. A esquina de casa há quatro semanas atrás, 12 graus. Outubro,  de 2008. A esquina de casa, há oito semanas atrás, setembro, de 2008 - 22 graus. A esquina de casa, há seis meses atrás, maio de 2008 - 15 graus

A história de um amor côncavo e de outro convexo

("Equestrienne", Marc Chagall, 1931) Sonildes nunca fora alguém que se decidisse fácil pelas coisas. Não que ela não soubesse exatamente do que gostava, ela sabia, mas gostava de muitas coisas. E de coisas normalmente muito diferentes uma da outra.  Entre suas dúvidas mais cruéis sempre estava a dúvida do que comer num restaurante, por exemplo. Sonildes ficava horas tentando escolher algo no cardápio e olhava com aquela cara de "Ó... não acredito! O seu parece mais gostoso que o meu..." para quem estivesse com ela. No trabalho e nos estudos, o mesmo. Sonildes era garçonete de uma grande empresa de eventos e vivia fazendo "bico" nos fins de semana. Não se tratava apenas de ganhar uns trocados, mas de fazer algo diferente e divertido. Durante o dia dividia o tempo terminando um curso de psicologia e trabalhando como suporte técnico numa empresa de informática.  Era exatamente nesse seu lado cheio de incertezas que Sonildes pensava, enquanto ensaboava o cabel

"Quem é você? Diga logo que eu quero saber..."

(No dia do aniversário... ) Olá gente toda que mandou recadinho no post sobre os 30.000 visitantes.  Publiquei comentários de muita gente, super demais, que está sempre por aqui, mas bateu atrasada no cronômetro. A coisa curiosa disso é que vocês podem ver lá recados de muitos visitantes queridos, mas não o do visitante 30.000. Eu ia deixar batido, sabe? Ia fazer de conta que não tinha colocado aquele post e dava um de "John Arm less". Acontece que muita gente me perguntou sobre o misterioso, ou seria tímido, ou seria desatento, visitante 30.000. E eu não tenho como deixar de dizer a verdade.  Aconteceu de novo a mesma coisa. Adivinha quem foi que bateu em nossa porta naquele exato momento 30.000? Sim, sim benhê... Você adivinhou rápido. Foi ela mesma, nossa querida Vivi. Ou Vicky. Ou Vitorinha, como preferir. O único problema é que a Vivi fica com esse negócio de anonimato e essa coisa medrosa de aparecer. Lembram de quando ela foi a visitante 6.000 e precisei falar tudo in

Meu querubim

(Eu e meu Ângelo, dançando, felizes da vida, em festa brasileira na casa da Mônica e do Conrado, Lomma, outubro de 2008) Meu Anjo Sim Não sei se tu tens um anjo Que eu tenho um anjo sim Meu anjo é um pequenino Que agora vai dormir Dorme meu anjo lindo Meu menino serafim Que o sono vem vindo Pra levar você de mim Porque está na hora Na hora de dormir Dorme meu pequenino Dorme meu querubim (Palavra Cantada, Composição: Sandra Peres/Zé Tatit)

Dicas mil: vida prática na Suécia - Escola infantil

(Aluninho do Klara Förskola) A querida e corajosa leitora Janaína Pesci, uma brasileira que está vindo morar em Estocolmo, deixou um comentário no post "Eram quatro horas..." e me fez algumas perguntas: "... Sou brasileira e mãe de três filhos (Felipe 4 anos, Murilo 2 anos e Nina 1 ano) e meu marido recebeu uma proposta para trabalhar em Estocolmo. Tenho muitas dúvidas é lógico, pois estaríamos indo com 3 bebês ... Gostaria de saber, se com visto de trabalho e permanecendo apenas 6 meses no país, meus filhos teriam o direito de frequentar escolinhas públicas ..." Sim Jana. Com visto de trabalho, todos os seus três fofíssimos poderão ir à escolinha pública. Com o visto vocês terão uma identidade sueca, isto é, uma carteirinha com um número pessoal que lhe dá direito a todo assistência e serviço público daqui. Se seu marido vem vindo por alguma empresa grande, eles provavelmente resolverão tudo isso para você. Com essa idade todos eles irão frequentar o mesmo tipo de

Quem bate? É o visitante número 30.000?

Dê uma olhada no contador do lado direito e veja se você é o visitante número 30.000. Deixa aqui um recado, deixa! Conte quem é você, mande uma foto ou mais o que quiser. Temos curiosidades mil a seu respeito. O que faz, como vem parar aqui nessa porta.  Será um prazer contar um pouco de você no próximo post e agradecer aos outros todos homenageando um de vocês. Hasta la vista baby e parabéns, hoje deve ser seu dia de sorte!!!

Sentados à beira do rio...

("No banco do Sena Rio, Bennecourt", 1868, Claude Monet) Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos...) Fragmento do poema de Fernando Pessoa (Ricardo Reis) ... Esses dias tenho escrito pouco e não tive tempo para responder os comentários atenciosos de alguns de vocês. Terminei o primeiro post da série "Dicas mil" e respondi agora os comentários dos textos antigos. Com isso, tomei as mãos de quem me escreveu e sentei à beira do rio... é assim que eu me sinto quando leio o que vocês me escrevem. Sinto que não estamos sentados sozinhos à beira do rio.  Ao contrário, em tantos momentos, sentamo-nos à beira do mesmo rio, enlaçamos carinhosamente nossas mãos, apesar da distância, e ficamos a fitar o curso dos mesmos sentimentos e acontecimentos. Adoro quando isso acontece. Quando, sentados, a gente contempla

Dicas mil: vida prática na Suécia, "uma mão lava a outra"

É interessante como a gente se adapta rápido às coisas e aos lugares. Logo que desembarquei nessas terras, há um ano e meio atrás, a Suécia e a vizinha Dinamarca me pareceram tão mais diferentes, estranhas e desafiadoras do que hoje. Sinto que, com o tempo, fui me familiarizando com quase tudo e acabando por me esquecer de como os primeiros passos foram difíceis mim e para o Renato no começo. Acontece que sempre tem alguém legal me escrevendo, em posts recentes ou antigos, e me perguntando sobre alguns detalhes da vida aqui. Alguns me pedem dicas e têm questões muito parecidas com as que eu tinha antes de vir ou me decidir a vir para cá. Outros me perguntam sobre o sistema de saúde, sobre educação escolar, ou tentam partilhar experiências como o parto na Suécia etc. Essa semana, depois de mais um desses comentários, acabei fazendo uma lista mental de quantos inúmeros itens eu poderia escrever, tentando dar algumas dicas -talvez óbvias para quem já vive aqui, mas extremamente difíceis p

Eram "quatro e quinze da noite" quando tudo aconteceu...

Eram quatro e quinze da "noite" no relógio escandinavo... - quando a gente saiu do playground e parou nesse Café escuro, em frente de casa, quinta feira, para tomar um leite com chocolate, junto do Iven e da Nikol. - quando a gente preparava o jantar das cinco e meia para receber nossos amigos suecos Paulina, Babaqui e Kian, sábado passado... - quando Ângelo estava todo pulante na minha cama e a chuva e o dia caíam pela janela.  - quando encerramos o passeio do dia e deixamos o frio pro lado de fora... No outono sueco em que só se vê alguma luz do sol lá pelas oito ou nove da manhã e a noite chega as quatro e meia da tarde, a vida acontece sempre a qualquer hora da noite ou de uma quase noite.  Outono parece tempo de dormir com as árvores...

”Obama är snygg och solbränd”: Por que a Suécia não é um bom lugar para se aprender sueco?

A Suécia não é um bom lugar para se aprender sueco porque... quase todo sueco ou sueca também fala inglês, além de sua língua materna. Inglês bonito e fluente. Toda vez que mando ver meu suequinho "feloso" (feinho, essa palavra é uma invenção portuguesa minha) neles, recebo as respostas num sorridente inglês.  Há algumas gerações, os suecos têm oportunidade de estudar ao menos duas línguas diferentes na escola. Escola pública, é bom lembrar. A maioria fala muito bem o inglês, incluindo muita senhorinha de oitenta e tantos que fica tentando falar comigo em inglês. Tão bonitinho.  O inglês é obrigatório e o aluno tem a opção de escolher outra língua dentre algumas oferecidas, como o alemão, o francês e o espanhol que são bem comuns aqui como terceira língua. Além de ser mais fácil para eles falarem inglês com a gente do que a gente falar sueco com eles, muitos adoram treinar o inglês para as férias de verão ou para o futuro. A caixa do supermercado, o técnico da máquina de lava

Que jogo você prefere: "Just Ping" ou "Ping Pong"?

(Parece que como eu, ela não resiste a jogar um " Ping Pong ") Nikol , uma querida amiga que fiz aqui, usa uma expressão divertida para me explicar o que ela sente por determinados tipos de pessoas.  O tipo número 1 é aquele que irrita porque, numa conversa por exemplo, faz com que o jogo seja apenas "Ping", quando você tá louco para que seja "Ping Pong". É aquele que não faz a conversa render porque é tímido, ou porque tem preguiça ou porque é chato demais e acha qualquer assunto sem graça. Uma conversa típica com o número 1 seria: - Noossa! (diz você para ele, com cara de surpresa e de simpático) Você trocou a decoração dessa sala não foi? Está super bonita! Ao que o sujeito responde sem mudar suas feições: - É, troquei.   - Ahnnn... É... e você disse que estava fazendo um curso novo não era? Super legal, porque é bom mesmo pôr a cabeça pra funcionar... - ahã... É... (Continua ele com cara de jogador desinteressado). O número 1 faz você fazer o papel do

O que e quem vive em mim

("Aniversário", Marc Chagall, 1915) Ontem foi dia de finados (acho muito feia essa palavra) aí no Brasil e aqui também. Contrariamente a alguns anos em que eu me lembrava bem dos amigos perdidos e do pai querido, eu não senti tristeza alguma. Lembrei deles com carinho, fomos passear, ri, comi, fiz tudo que faço num dia qualquer. Na sexta feira, eu ri olhando para uma melancia na feira daqui, quando me lembrei do povo todo vendendo melancias em caminhões perto do cemitério de Sumaré, quando a gente era pequena. Para uns dor, para outros, festa. Mas a verdade é que quando a gente perde alguém tão próximo, por um bom tempo é como se arrancassem de você uma parte do seu corpo. E não há um minuto sequer que você não sente aquela dor da dilaceração. Falta algo em você e não há como não chorar ou não ficar triste. E por mais que todos ao seu redor digam palavras consoladoras, a dor parece infinita e infindável.  Hoje, aqui, brincando com o Ângelo e o Re, sentindo falta de meus irmão