Pular para o conteúdo principal

"As duas Fridas" pulsantes em nós


"As Duas Fridas" 1939, Frida Kahlo

Esse fim de semana eu tava falando com minha amiga Flávia, a Xu, que vive aqui em Malmö, sobre a Frida. Folheamos um livro lindo que tenho aqui e depois ficamos a comentar o filme que eu havia lhe emprestado.

A verdade é que esses dias muita coisa que pego tem algo sobre Frida Kahlo e eu, que sempre quis fazer um post a respeito da obra dela e outro sobre o filme, vou deixar essa idéia perfeccionista de lado e pôr uma pintura de Frida aqui.

A obra de Frida fala por si mesma.

Claro que se você conhecer a biografia sofrida dela entenderá porque sua obra dói, mas eu acho que suas telas podem dizer milhares de coisas diferentes a milhares de pessoas diferente, assim como qualquer obra de arte.

Nesta tela aqui, "As duas Fridas" há muito que falar se eu pensar em crítica de arte. É uma tela imensamente rica, está inserida num contexto artístico e histórico super importante. Mas deixemos esses ismos.

Se olhar para a tela verá uma mulher bipartida. Uma que sofre mais. Uma que sangra e chora mais. Uma que se machuca mais.

E olhando-a me vem à cabeça diversos diálogos que tive - só para lembrar os muito recentes - com grandes amigas e conhecidas. Todas elas, sem exceção, lutam consigo mesmas. Todas elas vivem entre a polaridade de sentirem-se muito bem num dia e, em outro, sentirem-se mal. Eu estava pensando que uma mulher nunca é uma mulher só. Ela é sempre essa luta entre duas: a muito feliz e a muito triste, a muito realizada e a frustrada... talvez todas as pessoas sejam assim, com temas mais ou menos doloridos para pensar.

A vida de Frida Kahlo poderia dar uma tela em negro ou em vermelho, mas ela tem muita cor. Apesar de doída é viva. Sua obra também é dupla, na minha opinião. Não sinto tristeza ao olhar suas telas, sinto uma ardência... Uma ardência que, eu creio, está em todo aquele que não se contenta apenas em bater o cartão do dia e não pensar em mais nada. Está em todo aquele que pulsa e não só respira.


Abaixo um comentário mais analítico a respeito da tela do qual gostei:

"Pintado pouco após o divórcio de Diego, sinaliza o corte dilacerante que a realidade lhe impõe. Frisa objecto de amor de Diego e o seu alter-ego, têm expostos os seu corações ligdos um ao outro apenas por uma artéria. A Frida mexicana, amada por Diego, tem na mão um amuleto com a imagem do marido. A parte rejeitada europeia de Frida corre o perigo de se esvair em sangue até à morte. Essa hemorragia narcísica quando não é estancada desemboca na melancola, a menos que o trabalho de elaboração possa produir uma assunção poítica do desamparo. "Porque o chamo de meu Diego? Nunca foi, nem será meu. É dele mesmo." (Rachel Sztajnberg)

Comentários

Unknown disse…
Feliz aniversário, para todas as mulheres que existem em você.
Parabéns!
Somnia Carvalho disse…
Obrigada Ireneee! adorei!

Vou pegar meu outro lado e passar o dia em Copenhaguem com Angelinho!

falo com voces mais tarde! beijos
Anônimo disse…
Adorei seu blog...vim flutuar um pouco por aqui e me inspirar...
parabéns pelo blog...

Postagens mais visitadas deste blog

"Ja, må hon leva!" Sim! Ela pode viver!

(Versão popular do parabéns a você sueco em festinha infantil tipicamente sueca) Molerada! Vocês quase não comentam, mas quando o fazem é para deixar recados chiquérrimos e inteligentes como esses aí do último post! Demais! Adorei as reflexões, saber como cada uma vive diferente suas diferentes fases! Responderei com o devido cuidado mais tarde... Tô podre e preciso ir para a cama porque Marinacota tomou vacina ontem e não dormiu nada a noite. Por ora queria deixar essa canção pela qual sou louca, uma versão do "Vie gratuliere", o parabéns a você sueco. Essa versão é bem mais popular (eu adorava cantá-la em nossas comemorações lá!) e a recebi pelo facebook de minha querida e adorável amiga Jéssica quem vive lá em Malmoeee city, minha antiga morada. Como boa canção popular sueca, esta também tem bebida no meio, porque se tem duas coisas as quais os suecos amam mais que bebida são: 1. fazer versão de música e 2. fazer versão de música colocando uma letra sobre bebida nela. Nest

"Em algum lugar sobre o arco íris..."

(I srael Kamakawiwo'ole) Eu e Renato estávamos, há pouco, olhando um programa sueco qualquer que trazia como tema de fundo uma das canções mais lindas que já ouvi até hoje. Tenho-a aqui comigo num cd que minha amiga Janete me deu e que eu sempre páro para ouvir.  Entretanto, só hoje, depois de ouvir pela TV sueca, tive a curiosidade de buscar alguma informação sobre o cantor e a letra completa etc. Para minha surpresa, o dono de uma das vozes mais lindas que tenho entre todos os meus cds, não tinha necessariamente a "cara" que eu imaginava.  Gigante, em muitos sentidos, o havaiano, e não americano como eu pensava, Bradda Israel Kamakawiwo'ole , põe todos os estereótipos por terra. Depois de ler sobre sua história de vida por alguns minutos, ouvindo " Somewhere over the rainbow ", é impossível (para mim foi) não se apaixonar também pela figura de IZ.  A vida tem de muitas coisas e a música é algo magnífico, porque, quando meu encantamento por essa música come

O que você vê nesta obra? "Língua com padrão suntuoso", de Adriana Varejão

("Língua com padrão suntuoso", Adriana Varejão, óleo sobre tela e alumínio, 200 x 170 x 57cm) Antes de começar este post só quero lhe pedir que não faça as buscas nos links apresentados, sobre a artista e sua obra, antes de concluir esta leitura e observar atentamente a obra. Combinado? ... Consegui, hoje, uma manhã cultural só para mim e fui visitar a 30a. Bienal de Arte de São Paulo , que estará aberta ao público até 09 de dezembro e tem entrada gratuita. Já preparei um post para falar sobre minhas impressões sobre a Bienal que, aos meus olhos, é "Poesia do cotidiano" e o publicarei na próxima semana. De quebra, passei pelo MAM (Museu de Arte Moderna), o qual fica ao lado do prédio da Bienal e da OCA (projetados por Oscar Niemeyer), passeio que apenas pela arquitetura já vale demais a pena - e tive mais uma daquelas experiências dificilmente explicáveis. Há algum tempo eu esperava para ver uma obra de Adriana Varejão ao vivo e nem imaginava que