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Mostrando postagens de setembro, 2007

Inativo por tempo determinado

Eu creio que nos próximos dias eu não terei muito tempo para escrever aqui. Estarei tentando abraçar demoradamente minha família queridíssima e alguns amigos com quem eu cruzar. Estarei defendendo uma tese que, na verdade, defendi por quatro anos e meio. Estarei tentando comer meu pãozinho francês com queijo quente na padaria da esquina, Estarei tentando matar a saudade... na mesma plataforma onde o encontro se tornará outro momento de despedida, como já sabia o Milton Nascimento... ENCONTROS E DESPEDIDAS (Milton Nascimento/Fernando Brant) "Mande notícias do mundo de lá Diz quem fica Me dê um abraço, venha me apertar Tô chegando Coisa que gosto é poder partir Sem ter plano Melhor ainda é poder voltar Quando quero Todos os dias é um vai e vem A vida se repete na estação Tem gente chega pra ficar Tem gente que vai pra nunca mais Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai e quer ficar Tem gente que veio só olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim Chegar e partir São só dois

"De todo un poco"

(Somnia Carvalho, "Que medo!") Sempre ouvi dizer que amigos mesmo a gente sempre têm poucos para contar, mas nunca acreditei muito nisso. Tive e tenho a sorte, a grande alegria de perder a conta dos amigos queridos, fiéis, sinceros e companheiros que coleciono até hoje... Muitos amigos, muitos e bons amigos. Voltar ao Brasil tem esse gostinho também... de saborear "de todo un poco" na amizade. "AMIGOS" (Oscar Wilde) Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só

Você é uma pessoa suficientemente boa?

("Os girassóis" de Vincent Van Gogh, pintor suficientemente bom e talentoso, mas que vendeu um único quadro em vida)) Você é uma pessoa suficientemente boa? suficientemente forte? suficientemente organizada, suficientemente amorosa??? Você é uma pessoa suficientemente clara? suficientemente objetiva? suficientemente esclarecida, suficientemente dedicada??? Você é uma pessoa suficientemente competente? suficientemente informada? suficientemente "pra frente"? suficientemente amada??? Se sua resposta for SIM a todas essas questões você deve ser uma pessoa suficientemente santa, portanto, suficientemente morta para que tenha se transformado na pessoa mais maravilhosa do mundo. Ou então, "ai que medo de você!"... Você deve ser uma pessoa suficientemente megalomaníaca porque acredita ser capaz de reunir todas estas dificílimas e exigentes qualidades em você mesma. A dica seria deixar de admirar o próprio reflexo narcisístico, olhar e aproveitar as qualidades de

Navegar e viver

Na próxima semana eu e o meu Ângelo vamos embarcar para o Brasil e talvez por isso eu tenho pensado muito no poema do Fernando Pessoa... "Navegar é preciso; viver não é preciso". Esta frase, que não é dele mas é citada por ele no famoso poema que coloco abaixo, fala da precisão que os navegadores daquela época julgavam ter com o advento de novas técnicas de navegação e com os conhecimentos que eles tinham sobre o assunto. Provavelmente porque os bebês ficavam em casa com as esposas... Eu agora tenho uma "precisão" de viajar e garantir minha defesa de tese. Preciso ir neste momento por conta de prazos, porque além de navegar agora ser preciso, viver também o é. Apesar disso, eu nâo devo me esquecer de que se viver nâo é preciso, navegar pode ser totalmente impreciso quando se leva na bagagem um Angelinho de 2 meses e meio. Imprecisa como é uma defesa de tese. Impreciso como quase tudo na vida... Impreciso, assustador e apaixonante como a vida, o Ângelo e as viagens.

Salve! o mico leão dourado...

(Lúcia Cleide, Cremildes, Angelinho e Bangalau, na Fazenda da tia Inga-lil, no dia de checar o peso) Salve! o mico leão dourado Salve! o oratório e Salve o Angelinho Olho D´Ameixa também. SAIBA (Adriana Calcanhoto) Saiba: todo mundo foi neném Einstein, Freud e Platão também Hitler, Bush e Saddam Hussein Quem tem grana e quem não tem Saiba: todo mundo teve infância Maomé já foi criança Arquimedes, Buda, Galileu e também você e eu Saiba: todo mundo teve medo Mesmo que seja segredo Nietzsche e Simone de Beauvoir Fernandinho Beira-Mar Saiba: todo mundo vai morrer Presidente, general ou rei Anglo-saxão ou muçulmano Todo e qualquer ser humano Saiba: todo mundo teve pai Quem já foi e quem ainda vai Lao-Tsé, Moisés, Ramsés, Pelé Gandhi, Mike Tyson, Salomé Saiba: todo mundo teve mãe Índios, africanos e alemães Nero, Che Guevara, Pinochet e também eu e você. (Esta música, que o Ângelo já gosta de ouvir, faz parte do lindo albúm "Partimpim" de Adriana Calcanhoto. Toda vez que a ouço fic

No dia do seu aniversário

(Lago do Jardim de Versailles, verão de 2006) NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO... eu sempre tenho uma desculpa perfeita para parar um pouco para pensar um pouco para rever meu filminho particular que gravo há 11 anos em minha cabeça... No dia do seu aniversário eu posso te mandar uma carta de amor e não ter medo de ser "ridícula" E dizer o quanto você é especial. Não porque me faz o jantar quase todas as noites ou me traz café na cama quando estou doente. Não porque me traz lembranças carinhosas de viagem ou sempre me telefona dizendo "cheguei" quando está longe. Não porque me dá um beijo antes de dormir ou porque me traz flores no dia do aniversário de casamento. Não... Você é especial não porque faz eu me sentir especial mas porque você não conseguiria ser diferente. Você é especial porque só se revela aos poucos. Porque não entrega seu sorriso e suas brincadeiras a qualquer um. Porque sabe ser sério e responsável quando necessário, mas sabe fazer mil caretas engraçadas,

Parabéns ao visitante 3.000!

Se você for o visitante 3 mil de hoje, parabéns! Imprima esta página e guarde. Caso a sorte bata a sua porta, apresenta a ela o papel e diga que você tem direito a três vezes daquilo que ela te oferecer. Cruze os dedinhos e boa sorte!

Acostumar-se ou não: eis a questão.

(Vista aérea de São Paulo) Você conhece o poema abaixo? Eu sempre gostei dele e, embora alguns digam que o autor seja desconhecido, foi com ele que a poeta e artista Marina Colasanti ganhou o Prêmio Jabuti. Eu também sempre achei que ele tinha tudo da mais pura verdade... Esses dias, entretanto, andei me lembrando dele e pensando um pouco diferente sobre a primeira frase: Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.". Trago abaixo o poema para que eu possa me explicar melhor.. Aí vai: (Castelo de Kalmar, Sul da Suécia, maio de 2007) "EU SEI, MAS NÃO DEVIA" (Marina Colasanti) "Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que

"Aparências, nada mais..."

Lembra daquele cantor brega que vivia no Silvio Santos? o Márcio Greyck? Quer dizer, eu acho que ele vivia indo no Silvio Santos... não tenho certeza. Me desculpem, eu tenho mania de inventar memórias... Além de confundir nomes (como fiz no post sobre o Proust em que eu o chamei de Michael e não de Marcel, o que foi bem lembrado pela amiga Janete) eu invento coisa que não aconteceu e acho que me lembro delas. Claro que isso é coisa de gente maluca, mas como de "médico e louco todo mundo tem um pouco", acho que vocês não vão se importar se eu der algumas destas gafes intelectuais de vez em quando. Lembrei do famoso cantor ao escrever este post e por isso dei este título que está aí, mas este texto não tem nada a ver com o Márcio Greyk e sim com um filme em que a aparência não conta. Já há algumas semanas quero falar sobre ele, mas não conseguia e acabei pensando nisso novamente. A temperatura aqui em Malmö está caindo e o dia se tornando cada vez mais curto e escuro. O clima

Os desafios nossos de cada dia

(Somnia Carvalho, "Perder a ternura, jamais", 2005) Há desafios e desafios na vida. Desafios muito grandes. Desafios mais amenos. Desafios muito esperados. Desafios que aparecem de última hora. Independente de qual seja, qualquer desafio torna-se prioridade quando a hora dele chega. Meu último desafio tem se concentrado bastante numa figura peguenina e cabeluda. Na verdade, ele me lança desafios novos a cada minuto. Mas na semana passada eu me peguei surpreendentemente feliz ao conseguir uma coisa que eu mesma acharia ridícula há algum tempo atrás. Depois de semanas tentando passear ou sair com Angelito de carrinho sem que ele me deixasse embarassada na frente das suecas com seus filhos comportadinhos e dorminhocos, consegui que ele se comportasse, gostasse e me ajudasse a fazer inveja pras mães que têm bebês inquietos. Uns dias depois falei com duas queridíssimas amigas que tiveram filhos recentemente também. Uma mora no Brasil e é amiga dos tempos da faculdade, a ou

"Em busca do Tempo Perdido"

(Os avós da personagem, Elisabethi Stacchine e Santi Cechetti) "Professora, casada e mãe de dois filhos, cujo sonho sempre fora conhecer suas origens na Itália e a cidade onde seu pai nascera, sai em busca do tempo perdido, mas conhece mais do que sempre esperava: presente, passado e futuro se juntam nesta trama em que o nascimento do neto na Suécia motiva a realização do grande desejo." Este trecho acima bem que poderia ser a sinopse de algum filme bem gostoso de ver no domingo. Entretanto, a personagem acima, apesar de buscar intensamente seu "tempo perdido", como o fizera Marcel Proust ao escrever suas memórias em vários volumes, está longe de ser ficção. Irene Cechetti, filha de Ubaldo e Conceição Cechetti nasceu no Paraná. De lá, veio para São Paulo em busca de um sonho ainda não perdido: o de ser professora. De lá para cá muita coisa aconteceu e Irene realizara não só aquele como outros inúmeros sonhos: casou-se com Caetano e teve dois filhos: Renato e Adriana

Qualquer canto

Sábado à noite aqui em Malmö. Friozinho lá fora (16 graus), quentinho aqui dentro. Aqui em casa só o trio novamente, os sogros, que tem mais do que boca, já estão em Roma e a vida aqui vai seguindo seu rumo. Hoje passeamos pela enésima vez em Copenhaguem, capital da Dinamarca, que fica a meia hora daqui de Malmö. Embora a cidade seja linda, charmosa, cheia de gente, foi a primeira vez de todas elas que eu realmente enxerguei a cidade. Antes eu olhava, mas não via. Andar por Copenhaguem faz a gente sentir-se num filme cabeça ou personagem de um comercial de grife famosa. A cidade é chique, as pessoas são descoladas. Mil cores cobrem os sapatos, os cachecóis e os cabelos. A arquitetura antiga, linda de morrer, se mistura com as lojas novas, com cafés gostosos, com gente do mundo todo transitando. As milhares de bicicletas cruzam as avenidas no meio dos ônibus amarelos e dos carros coloridos. Carrinhos e mais carrinhos de bebês e crianças multi-coloridas enfeitam as ruas. (As mães dinamar

"A hora do encontro é também despedida"....

Uma homenagem à Irene e ao Caetano que atravessaram o oceano para encontrar o neto, Uma homenagem à minha mãe que ficou no Brasil, mas me mandou um avião de beijos e abraços, Uma homenagem à família... num dia de domingo. (Bolo de Cenoura que a Mê fez antes de ir embora) Infância (Carlos Drummond de Andrade) Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras. lia a história de Robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais. No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim: - Psiu...Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito. E dava um suspiro...que fundo! Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé. (Eu, Luana, meu avô Jo